A moda imita a vida ou a vida imita a moda? (E por que a resposta muda tudo!)

 A moda imita a vida ou a vida imita a moda? (E por que a resposta muda tudo!)

Sabe aquela frase clássica, "a arte imita a vida"? Pois é. A gente cresce ouvindo isso e faz todo o sentido, né? A tela do pintor, a melodia do músico, o roteiro de um filme... tudo ali parece um espelho, um reflexo do que somos, do que vivemos, do que sonhamos (ou pesadelos!).

Mas e a moda, gente? Ela se encaixa nessa equação? Será que ela só imita a vida, ou existe um jogo mais complexo rolando? Um jogo onde, às vezes, a vida também se dobra aos caprichos da moda, ditando quem a gente é, como a gente se comporta e até o que a gente deseja ser.

Essa é uma pergunta que não sai da minha cabeça há tempos, e que, na minha jornada de 12 anos nesse universo da moda, me fez parar para observar, pesquisar e, claro, questionar tudo.

Quando a roupa vira espelho: A moda que IMITA a vida

Vamos ser sinceras. A moda sempre foi um termômetro da sociedade. Se a gente volta um pouquinho na história, percebe que cada grande mudança social, econômica, política, tecnológica... puf! Ela se materializa nas roupas.

  • Pós-guerras? Silhuetas mais práticas, funcionais. A mulher precisava trabalhar, e a moda se adaptou.

  • Movimentos de libertação? Sai o espartilho, surgem saias mais curtas, calças femininas, o corpo ganha liberdade. Pensa nas flappers dos anos 20, ou nas minissaias dos anos 60.

  • A busca pela paz e pela natureza nos anos 70? Aí vem a moda hippie, com tecidos naturais, cores terrosas, modelagens fluidas.

  • A ascensão da tecnologia e da vida urbana? O streetwear, o sportwear ganhando as ruas, o conforto virando prioridade.

Protesto de mulheres a favor da minissaia na frente da Dior, em Paris, em 1966 (Foto: Getty Images)

Pois é. Os estilistas e as grandes casas de moda não vivem numa bolha, viu? Eles são observadores perspicazes. Eles captam o zeitgeist – o espírito do tempo. Eles veem a mulher trabalhando mais, a juventude querendo mais liberdade, a preocupação com o meio ambiente crescendo (sim, a moda sustentável não nasceu do nada, ela é uma resposta a uma necessidade do planeta!). A moda, nesse sentido, é uma tradução visual das nossas transformações. É a vida mandando um recado para a passarela, e a passarela respondendo com um look.

Quando a passarela vira manual de vida: A vida que IMITA a moda

Mas aí é que a coisa fica mais complexa e, por que não dizer, um pouco perigosa. Porque depois que a moda imita a vida e coloca um "look" lá fora, ela ganha vida própria. E, de repente, somos nós que começamos a imitá-la.

Pensa comigo:

  • A Influência Desenfreada: Uma tendência nasce na passarela (ou nas ruas, ou no TikTok) e é replicada, viralizada por influenciadores, celebridades, e por cada vitrine de shopping. De repente, todo mundo "precisa" daquela peça, daquela cor, daquele corte. Não é mais sobre a sua vida pedindo aquela roupa, é a roupa te chamando para uma vida que talvez nem seja a sua.

  • A Engrenagem do Consumo: E aqui entra o que eu chamo de um dos grandes vilões: o capitalismo de massa e o 'Ultra Fast Fashion' que a gente tanto fala por aqui. Eles não esperam a vida imitar a moda organicamente. Eles criam a moda (ou a cópia dela) e a impõem, gerando uma sensação de obsolescência constante. Você vê, deseja, compra. Usa uma ou duas vezes, e já se sente "fora". A vida, nesse caso, é acelerada para caber no ciclo frenético da moda.

  • A Construção da Identidade (ou a Camuflagem): A moda é uma ferramenta poderosa de autoexpressão, eu acredito muito nisso na minha consultoria. Mas ela também pode ser uma armadilha. Quantas vezes a gente não se veste para "pertencer" a um grupo, para "parecer" algo que a gente nem é? A gente não está imitando a moda porque ela reflete nossa vida, mas sim porque ela promete uma vida. Uma vida de sucesso, de status, de aceitação. E aí, a gente imita aquele look na esperança de ter aquela vida.

O loop infinito (e como quebrar a

ilusão)

Então, Bruna, qual é a resposta? A moda imita a vida ou a vida imita a moda?

Pois é, a verdade é que é um loop infinito, um tango entre reflexão e influência. A moda capta o que somos, mas depois nos dita o que "devemos" ser. E, na era digital, esse loop está em velocidade máxima, um turbilhão de informações e desejos instantâneos.

A grande sacada, para mim, não é parar de dançar esse tango. É dançar com consciência. É entender que:

  • A moda é uma ferramenta, não uma imposição. Ela pode e deve ser um espelho da sua vida, da sua essência, dos seus valores.

  • Não precisamos imitar cegamente. Questionar o "porquê" de cada compra, o "para quê" de cada tendência, é o primeiro passo para ter um guarda-roupa que realmente fala sobre você, e não sobre o que o mercado quer que você seja.

  • O consumo consciente é libertador. É a sua chance de romper esse ciclo vicioso de imitação e de criar seu próprio estilo, sua própria vida, com peças que duram e que contam a SUA história.

A moda sempre existirá. O que muda é como a gente se relaciona com ela. Será que você está vestindo a sua vida ou vestindo a vida que a moda te vende? Pense nisso (:


Quer ir mais a fundo nessa conversa e descobrir como construir um guarda-roupa que realmente te representa, te liberta e ainda faz bem para o planeta (e para o seu bolso)? No meu livro Compre roupas sem culpa: O guia definitivo para um armário inteligente e sustentável, eu vou desvendar os códigos da moda e do consumo consciente para você criar o seu próprio jogo. Siga me acompanhando para saber em primeira mão quando lançar. Vem comigo nessa jornada de autenticidade!

Postagens mais visitadas